Don't Talk to Strangers

Sunday, July 17, 2005

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais

Outro dia voltei pra boa e velha night, que me acompanhou por significativa parte da melhor fase da minha vida até aqui. Dessa vez, a coisa teve duas consideráveis diferenças: estava com a minha mulher e não saí pra dançar. "Ah... mas que diferenças idiotas", você pode estar pensando, mas vamos ver como isso influencia na coisa toda.

Entre meus 17 e 23 anos, saía quase todo final de semana com a rapazeada. Grupos que foram mudando ao longo do tempo, de acordo com do diferentes momentos da minha vida (rapazeada da rua, do colégio, da faculdade...). Nessa época, eu saía ia pra pista e me acabava dançando. É claro que, apesar de nunca ter sido lá um ávido praticante da caça às pererecas, um apreciador do pegar pelo pegar ou do jogo pelo jogo (a qualidade sempre esteve à frente da quantidade e tudo tem seu tempo), existia aquela intenção intrínseca e a expectativa de que, uma hora ou outra, a coisa podia acontecer.

A psicologia diz que quando um indivíduo tem seus sentidos concentrados em uma determinada tarefa, seu foco se fecha e é importante que ele esqueça aquilo por alguns momentos para que a mente faça um scandisk, associe informações, misture a situação focal com experiências adquiridas e as conclusões fluam naturalmente - prova disso é a conhecida máxima que diz que as melhores idéias aparecem no banheiro. Um camarada na night que só quer saber de pegar mulher tende a, em 90% de suas tentativas, chegar ao léu, forçar a barra e, numa relação 1-10, pegar por acaso - evidentemente isso exclui os casos em que se chega em conhecidas, público alvo conhecido ou barangas de baixa auto-estima.

Naquela época, era meio complicado enxergar obviedades por detrás da névoa da expectativa e as coisas aconteciam meio que por empirismo.

Hoje, a coisa funcionou de uma forma um pouco diferente. A night, ao invés de ser cercada de entusiasmos e expectativa, se tornou um espaço de observação antropológica, na qual se podia analisar o comportamento dos indivíduos de ambos os sexos num ambiente de tensão sexual latente. E é impressionante como a coisa não muda, é tudo sempre igual ao que era há 10 anos, embora os grupos mudem a todo instante.

Meninas dançando em seus grupos, aproveitando o espaço entre um movimento e outro para olhar para o rapaz que, em sua roda de amigos, segura com uma das mãos um copo de cerveja, enquanto a outra permanece enfiada no bolso. Ela se move de forma insinuante e mostra não estar nem aí para o que acontece ao seu redor, apesar de, em seu íntimo, estar preocupada em ser vista. Ele, imposta seu corpo como um galo as 5 da manhã e bate altos papos-cabeça com os camaradas, quando, na verdade, não está prestando a mínima atenção ao que está sendo dito e dá risinhos simpáticos de concordância cada vez que percebe estar num momento coletivo da conversa. Na verdade, ele está de olhos no ambiente, vendo se alguma menina o está observando, se ele está agradando. Aquela, em especial, chama sua atenção, mas ele tem dúvidas, já que ela não olha pra ele. Aquilo o intimida e ele passa a consirar outras hipóteses mais humildes.

Pra quem olha de fora, a coisa é muito óbvia, muito simples e praticamente já está sacramentada, faltando somente a formalidade do simples "Oi... como é mesmo o seu nome?" ou mesmo um "Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?".

As linguagens corporais também são muito claras. Mulheres cruzando as pernas e mexendo nos cabelos, olhares desviantes. Sorrisos constantes e olhares trocados. Homens variam menos, porque não vêem tanta necessidade de insinuar (e aí mora grande parte de seus erros).

Interessante notar que foi desse jeito que meus pais se conheceram e que, provavelmente, meus filhos vão conhecer seus pares.

Dotado desse conhecimento, desse olhar hoje, o que eu não faria (hehehe)? Mas estou casado e muito bem casado, nem rola mais. Deus não dá mesmo asas às cobras. hehehe

Continua qualquer hora dessas...

Tuesday, June 14, 2005

É como diria o ditado:

Nada como um dia após o outro!

E não é que Fernando Collor voltou às capas de revista?!
Nêgo deu oportunidade, o cara não vai deixar passar e, numa boa, num contexto geral, não está falando mentira não.

Não, sangue bão, eu não sou collorido ou qualquer coisa nesse sentido. A minha família tem até um certo histórico de apego ao jovem presidente caçador de marajás. Minha avó morreu aos 94 anos eximindo Fernandinho de qualquer culpa, afinal de contas "Aquela gente tudo rouba". Minha avó também sustentava teses como "Schumacher matou o Senna", "Vou amarrar as pernas dos jogadores pro Brasil ganhar", entre outras - GRANDE VOVÓ!! Que saudades!!!

Mas voltando... Não sou collorido, mas, se não se pode dizer que ali é tudo farinha do mesmo saco, ao menos podemos dizer que o saco de farinha ruim é bem mais volumoso. E o papo do poder corromper acaba existindo mesmo. Não acho que Lula e Collor sejam iguais, mas o nosso presidente, uma vez íntegro e defensor da moral, parece ter adotado a postura dos fins que justificam os meios e fez vistas grossas para o mensalão.

Na estrevista, Collor diz que naquele meio não se pode fraquejar, que é utópico um governo de coalisão nacional e que Lula está sofrendo a tentativa de um golpe de natureza semelhante ao que ele sofreu. É aí que ele tem razão. Se o cara teve culpa ou não, se ele é um corno filho da puta, já são outras questões. Interesses diferentes nesse nível do jogo condiciona um desejo intrínseco pelo fracasso de quem governa. Se o cara for um corrupto, precipita ainda mais a sua derrocada (como foi o caso do Fernandinho). Ou seja, ninguém ali é santo, ninguém luta pela melhora do Brasil, mas pelos objetivos pessoais, Roberto Jefferson não vale pourra nenhuma (ninguém que emagrece rápido daquele jeito merece a minha confiança) e o Severino é feio pra caralho. Trata-se de um jogo perigoso, com um altíssimo grau de envolvimento entre aqueles que fazem aprte dele. Jefferson não ia descer sozinho e jogou no ventilador.

Hoje, Collor, pra não perder a majestade, afirma que, apesar de Lula ter sido um dos grandes articuladores de sua queda, ele não deseja o Impeachment do presidente. Ele sabe bem como é, sabe que o Lula é íntegro e isso seria prejudicial à nação. Nada como um dia após o outro...

Eu ri de chorar com essa entrevista.

Sunday, May 29, 2005

Lembranças

Outro dia, estava eu deitado na minha cama, assistindo tv. No outro quarto, a patroa usava a internet e, como de costume, o winamp ligado e as músicas se seguindo.

É interessante como as músicas podem nos lembrar épocas, situações, lugares e mesmo pessoas. Foi mais ou menos isso que aconteceu naquele dia. Entre os Maroon 5 e 10.000 Maniacs que ela ouvia, começou a tocar algumas músicas dos Hanson e foi exatamente a música dos carinhas que trouxe à tona algo que eu havia esquecido. Naquele momento, eu lembrei de como os Hanson são tristes!!! Ô bandinha ruim, sô!!! E isso não isenta o Maroon 5 de toda sua mediocridade.

O que seria nossa vida se não fossem nossas memórias?

Thursday, March 24, 2005

RICH MAN LIVIN' IN A POOR MAN'S HOUSE

Sabe essas horas em que vc pára e se dedica a entender a música que está cantando e descobre que ela tem a ver contigo? Então, eu não tenho 7 filhos, mas essa música é meio que o retrato da minha vida atual.

RICH MAN LIVIN' IN A POOR MAN'S HOUSE

Billy works too hard, trying to make ends meet
He's gotta pay his credit cards,
Yeah he's been dealing with the odds that even Vegas can't beat

By six he's out of bed, she makes his coffee sweet
He grabs his boots & his coat, leaves a note that says I Love You
And runs to catch a bus down at the end of Market Street

Chorus:
It took some time to figure it out
He's a rich man living in a poor man's house
He might be down, but he ain't out
He's a rich man living in a poor man's house

Every night at home, feels like it's Christmas Eve
Gracie's got his dinner on the stove, Daddy's coming home
And they've got seven hungry children that are tugging on his sleeve

Chorus:
It took some time to figure it out
He's a rich man living in a poor man's house
He might be down, but he ain't out
He's a rich man living in a poor man's house
Every night at five when work lets out
He's a rich man living in a poor man's house

He arrives at 9 as the work bell's ringing
Hits the grind but his heart is singing

Some men live for money
Some men live for work
But it's a real man, a richer man who knows what love's worth

Chorus:
It took some time to figure it out
He's a rich man living in a poor man's house
He might be down, but he ain't out
He's a rich man living in a poor man's house
Every night at five when work lets out
He's a rich man living in a poor man's house
A rich man living in a poor man's house
A rich man living in a poor man's house
A rich man living in a poor man's house
A rich man living in a poor man's house

Sunday, March 20, 2005

As Deep as I am

Essa coisa de imagem é interessante. Essa coisa de que
somos tudo o que somos + tudo aquilo que acredita-se que
somos
está cada vez mais vívida pra mim. Toda aquela
conversa sobre simulacros, o hiper-real a cada dia faz
mais sentido. É claro que muita gente pode dizer que
isso é bobagem, que ela é o que é e ponto final (lembro,
inclusive de um grande amigo meu quando digo isso -
grande Fábio! Parece que eu to vendo ele discordar
veementemente de mim) e sob certo aspecto existe razão
nisso. Por outro lado, o auto-conhecimento é um bem que
pouquíssimos posuem - pouquíssimos mesmo. Somos o que
sentimos e o que manifestamos e isso interefere
diretamente na forma como somos vistos, ou seja, por
mais que nos consideremos algo, via de regra somos os
principais responsáveis pela forma como somos vistos -
ou não hehehe.

Mas então...entrando na questão que me motivou a
escrever isso, algo num nível diferente, algo em escala
mundial, onde a construção de imagem de fato produz
simulacros. Fui no show do Lenny Kravitz e me surpreendi
com o que vi. O cara passa uma imagem vazia, antipática,
blasé, robótica, sem vida... o ideal fashion, o culto à
imagem, o auto-culto. O que eu vi no palco foi um cara
simpático, vibrante, querendo agradar, buscando o
feedback do público, chamando a platéia para seguir com
ele, brincando e tal. Ao mesmo tempo, toda a marra que o
cara passa através das imagens glamouriza a coisa toda,
torna tudo mais especial para quem está aqui, entre os
mortais, olhando o que acontece no palco. É como o
tempero apimentado que dá graça ao prato, o azedinho que
torna a laranja interessante, o gás do refrigerante...
incomoda, mas sem ele perde a graça. Imaginem o Romário
comportado. Que merda!!!! O próprio Edmundo, que só joga
bem quando solta os bichos, quando é o bad boy.
Comportado, reprimido, o Edmundo é o que foi no
Fluminense ano passado, um titica gente boa. Mas aí eu
já estou fugindo ao assunto.

Se existe uma coisa que eu aprendi nessa vida é a
não me preocupar tanto com o que se pensa de mim. É algo
que foge ao meu controle, é algo que faz parte da
subjetividade, do íntimo de cada um que me conhece. Cada
um é apenas a fonte de algo que vai se bifurcar
indefinidamente, tantas vezes quantas forem as pessoas
com quem você se relacionar ou tiver conhecido. A
diferença para esses caras é que, no nivel midiático, no
nível em que pessoas dão lugar a personagens existe um
direcionamento controlado da imagem, que evita ruídos e
reduz consideravelmente o número de bifurcações.
Ao menos em relação a mim, na última terça feira, Lenny
kravitz conseguiu bifurcar sua imagem.

Ah... e o show foi do caralho.

Sunday, March 13, 2005

Arrumei trampo

É... estou trabalhando. Me vendi ao sistema sim, e daí? O que é que vc tem a ver com isso?
Aposto que já está pensando um monte de merda do tipo ""Onde ele enfiou toda a integridade que colocou no post anterior?", "Vendido de merda", "Onde foram parar a força da convicção neste mundo?" Ah... pára de encher. Vai arrumar uma vida pra viver e pára de ficar bisbilhotando a minha neste blog.

Gente chata da porra...

Wednesday, February 02, 2005

Falta de assunto

ÊEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!Primeiro post de 2005!!!!

E o que me motiva a escrever este post é exatamente aquele que tem me deixado afastado daqui nos últimos tempos: a total falta de assunto.

Juro que tentei escrever alguma coisa no início do ano, alguma mensagem positiva, cheguei até a fazer uma metáfora com a tragédia das tsunamis - dizendo que o mundo deveria passar por tsunamis morais todos os anos, de modo que a onda gigante levasse pro oceano toda a podridão gerada pela humanidade, e lançasse numa espécie de emissário submarino, lavando a consciência das pessoas e fazendo o mundo começar de novo. Mas aí seria muito fácil. Faríamos as nossas merdas e esperaríamos a grande onda limpá-la e estaríamos prontos pra cagar tudo de novo, sem crises, sem dramas de consciência, sem consequências (não que isso aconteça com quem vive cagando o mundo, mas ao menos essas pessoas sabem que estão fazendo merda e sua culpa não se dissolve).

Mas enfim... acabei, na minha total falta de tema, engatando num assunto. O mesmo que julguei fraco pra começo de ano. Então... não tenho nada a dizer até agora. Nada muito diferente do que disse no ano passado, minha realidade não mudou muito, apesar do governo brasileiro dizer que o desemprego está em franca queda e do fato de Porto Alegre ter uma das mais baixas taxas do país, cerca de 6% de procuradores de emprego - percentual que eu ajudo a engordar. Na verdade, de uma forma ou de outra, esse fato meio que se aproxima de um lance que eu sempre disse a meu próprio respeito: Eu nasci pra ser exceção.

Nesse contexto, fazer parte dos 94% realmente seria um certo contrasenso, seria ferir a minha ética pessoal, ferir meus princípios em troca de dinheiro e de que vale o dinheiro se os seus princípios foram violados?! Se não faço parte do 1% dos destaques da minha profissão, faço parte dos 6%. E se Deus for mesmo meu camarada, pra ser mais digno ainda da minha filosofia (que me levou a ser publicitário, inclusive) meu destino é ser aquele 0,01% que, apesar da demora para se inserir no mercado, vai sair dos 6% de um lado para chegar aos 1% do outro. Aí sim, fudeu! Meus princípios estarão mantidos e eu terei grana para pagar quem não valoriza os seus.
Se existe uma lição de vida na história do nosso presidente Lula é o fato dele ser um cara de coragem. Ele não queria ser regra e foi corajoso o suficiente para se manter sentado em seu sofá, curtindo sua aposentadoria precoce, mantendo seu baixo nível cultural, sua formação deficiente, confiando no fato de que, ainda assim, o povo brasileiro o conduziria ao cargo mais importante desta nação. Lula é meu ídolo, cara! Veja bem como ele é a exceção entre as exceções:

1. O cara mal fala o português e não completou o primeiro grau;
2. Virou líder sindical;
3. Desde 1989 vive de candidaturas à presidência e críticas contra aqueles que o derrotaram;
4. Mesmo vislumbrando a presidência de uma república como o Brasil, jamais se preocupou em concluir o ensino fundamental.
5. Hoje é presidente e tem abaixo de si, como seus subordinados, zilhões de cargos que exigem nível superior. Pessoas que conseguem dizer "Nós fazemos!"

Esse homem é um símbolo de obstinação, confiança e perseverança. É um cara que fez de tudo (numa das raras ocasiões em que isso se aproxima muito do conceito de "quase nada") para ser único e não parar por aí. Ele quer o mundo, quer ser um estadista mundial e conseguiu elogios até do Bono Vox!!!!!!

Mas então... voltando... não tenho muito assunto pra escrever aqui. É por isso que demorei tanto a retomar o blog no ano de 2005. Juro que exitei bastante antes de publicar este mesmo post que vc está lendo agora, afinal de contas, de que adianta escrever, se vc não tem lá o que dizer? Enfim...